Encontros CARPIANOS (ex-alunos)
Blog destinado às lembranças, histórias e reminiscências dos alunos da Escola Agrícola de Rio Pomba (EARP) que teve início em 1963. Depois, em 1969, se transformou no Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP). A primeira turma de Técnicos Agrícolas formou-se em 1971.
terça-feira, 4 de dezembro de 2018
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
Professor Oswaldinho
Professor
Oswaldinho
A Escola Agrícola de Rio Pomba foi criada
pela Lei nº 3.092 de 29/12/1956. As construções começaram em junho de 1957 e
inaugurada em 16/08/1962.
Muito aprendi
na escola idealizada pelo Deputado Último de Carvalho e concretizada pelo grande
Presidente Juscelino Kubitschek. Depois virou Ginásio, Colégio e hoje é o
respeitado Campus Rio Pomba (IF Sudeste/MG).
Mas para mim
será sempre lembrado como o Colégio
Agrícola de Rio Pomba, um local que se transformou numa oficina de
“aprenderes”, um laboratório do saber. Seus bancos escolares forjaram homens,
formaram cidadãos. Verdadeiras lições para toda a vida.
Com o
fantástico Professor Tote (Aristótenes Ottoni Cardoso) aprendi que “seriam deuses os astronautas?”. E também
um pouco de biologia, RNA e DNA. E que a vida poderia ser Leve e Suave, assim como os cigarros
L&S que ele prendia entre os
(sorri)dentes pontiagudos. Prof. Tote, um ídolo para o resto das nossas vidas.
A Dona Tota
nos ensinou princípios de higiene e disciplina. Ensinava a escovar os dentes,
aparar as unhas, limpar os ouvidos, lavar as nossas orelhas. E quando não
fazíamos a contento, ela, tranquilamente, entrava no vestiário e tirava as
nossas “caracas”. Se preciso fosse, para fazer valer a sua autoridade,
utilizava-se até de beliscões. E ninguém reclamava. Éramos, na maioria,
matutos, meninos da roça, do interior, mas jamais bobos. Reclamar? Jamais. Seria
muito pior. No refeitório ela nos proibia de colocar os cotovelos sobre a mesa,
uma extravagância para muitos daqueles meninos acostumados a “comer”, de
cócoras, num canto da cozinha das suas humildes casas. Mas estes aperreios nos
faziam crescer, ir à frente. E fomos. Hoje, espalhados mundo afora.
Com a Dona
Alvalinda e a Dona Cecília aprendemos a respeitar os símbolos nacionais como a Bandeira e o Hino Nacional, hasteada e cantado, toda semana à frente do Prédio
Principal. Uma aula de civismo, de amor à pátria, que nem sabíamos direito o
real significado, mas agora, depois dos 60 anos, sabemos exatamente a real
importância.
Em escritos
anteriores falei sobre a querida Maria Marotta, a Secretária do Amor, do
Professor Wilson José de Melo, Professor Wandir Crivellari, Professor Domingos
Roberti, Padre Geraldo Magela, Ary
Rezende, o Homão. É só reler no Blog (http://alunosdocarp.blogspot.com/)
estes posts antigos.
Ainda falta
falar de muitos Mestres. Exaltar qualidades e virtudes como o “enigmático” Geraldo
Magela Corrêa Neto Cunha, o CUNHÃO, o mais exigente de todos os professores,
por isto mesmo, o responsável pelo alto conhecimento de seus alunos em Química,
matéria brilhantemente lecionada por ele. Um grande professor o CUNHÃO.
Pretendo
escrever sobre o cordato Dr. Zezinho (José Marinho Saraiva) batendo e rebatendo
o seu cigarro Continental sobre a
unha do polegar, mas sem jamais acendê-lo na sala de aula, enquanto lecionava
Ciências. Não posso me esquecer do Dr. José Reis Santos, professor de inglês. Presidente,
dirigente e torcedor apaixonado do América de Rio Pomba. Tratou de muitos
alunos, frequentadores do lupanar Bico
Doce, onde adquiriram doenças venéreas, muito comum naqueles tempos. E tome
benzetacil.
Não posso me omitir sobre o Professor Serjão (José
Sérgio Ferreira) contando as suas histórias surreais. O dia em que o seu cavalo
quebrou a perna ele carregou o animal até a estrebaria. Ou quando ele foi
encarregado de administrar a obra da Mina Dágua do colégio atrás do gol do
campo de futebol. Um aluno rebelde, malcriado, escreveu no cimento fresco a
frase “Engenheiro Cú”, com acento. Um protesto grotesco, um despropósito. Um
arroubo infanto-juvenil inconsequente. Éramos jovens, nada sabíamos da vida.
Ainda hoje, quase nada sabemos. Com o Professor Serjão aprendi um pouco de
francês e geografia.
Do jardineiro
Delário aprendi que “na prática a teoria
é outra”. Suas mãos calejadas ajardinaram, floriram, embelezavam a escola.
Os seus enxertos, todos vingavam. Já os feitos pelos alunos e pelo professor,
na maioria se transformavam em “muda perdida”.
Dos
cozinheiros Chico e Tatão aprendi que com os mesmos ingredientes, a mesma
dispensa, pode-se fazer uma boa ou péssima comida.
Já falei sobre
o Dr. Geraldo Luiz Ribeiro, Vice-Diretor e depois Diretor. O texto “Fumódromo” foi postado em 14/11/2016.
Nele, descrevo que lhe surrupiram um maço de cigarros que deixara no seu carro.
Foram momentos de tensão vividos no Colégio. Se não aparecesse o maço de
cigarros ele suspenderia todos os alunos. Arruinaria a sua carreira acadêmica,
mas complicaria a vida de muitos estudantes. Ele não queria saber quem fora o
autor. Os alunos se mostraram leais e não houve dedos-duros. O maço de cigarros
foi reposto. E só, então, depois deste meu “post”, apareceu o responsável pela
falcatrua. Ao ler a história, o Rômulo Vieira da Costa disse que foi ele que
surrupiou e devolveu o maço de cigarros. Rominho, como era conhecido, carioca,
de Bangu, bom de bola, fazia o meio-de-campo com o Alencar (Caburito), ótimo
ritmista, baterista do conjunto do nosso colégio e da Escola de Samba Mocidade
Independente de Padre Miguel.
Aprendi com
Dr. Carlos Martins Bastos e Plínio Tostes Alvarenga a diferença entre ser um
bom ou mau diretor. Podemos fazer o bem e o mal. Cabe à gente decidir o
caminho.
Tenho
histórias para contar dos Professores Mauro Marques de Oliveira e Ubirajara
Pinto de Deus. Grandes Mestres que guardo na minha lembrança com carinho. Ficarão
para outra ocasião, pois hoje eu quero relembrar do Professor Oswaldinho, um carioca simplório que lecionava Mecânica
Agrícola,
De tão simples,
ninguém recorda o seu sobrenome. Já perguntei para Mauro Calado e o Dezinho
(José Soares Furtado) que são o nosso Google para assuntos CARPIANOS. E eles não souberam me dizer.
Fiz a mesma
indagação ao brilhante conterrâneo João Coelho, Também não se lembrava do
sobrenome do Professor Oswaldo. Nas provas aplicadas pelo Oswaldinho, todos, ou
quase todos, colavam. Ninguém estudava. Uma rara exceção era o João Coelho.
Pois bem, a nossa turma queria exigir que o João Coelho também colassse. Para
isto tomaram-lhe o caderno com as suas anotações de forma a impedí-lo de
estudar para o exame mensal. Somente minutos antes da prova lhe foi devolvido o
seu caderno. E mesmo assim o João Coelho não colou, resolvendo as questões,
tirando nota boa, como sempre fazia.
Nas aulas do
Professor Oswaldinho aprendia sobre peças, equipamentos agrícolas e até dirigir
trator. Uma temeridade, colocar um veículo daquele nas maõs de meninos que
nunca dirigiram antes. Alguns acidentes ocorreram, sem gravidade, que eu me
lembre.
O Professor
Oswaldo não trouxe a família para Rio Pomba. Morava num dos quartos do
dormitório. Tinha um hobby: jogar Xadrez. Precisava de adversários. Ensinou o
jogo aos alunos que se interessaram pela novidade. Os movimentos das peças, Cavalo,
Bispo, Torre, Peão, Dama, Rei, Roque, “en passant”, o xeque-mate...
Eu sabia jogar
Damas, pois o meu pai me ensinara, mas de xadrez, não tinha a menor noção. Dentre
os alunos, um que se destacou como bom jogador foi o carioca Paulo Weimann,
apelidado de Paulo “Verme”. Creio
que o apelido foi devido à sonoridade do nome. Mas teve uma vez que ele comeu
uma lesma. Ela estava entranhada numa folha alface. Mesmo sendo alertado que
tinha uma lesma na alface ele a comeu. Dizem que ele disse “o que os olhos não vêem, o coração não
sente”. Ou teria sido estômago?
Assim, às
vésperas do nosso Encontro em Juiz de Fora e nesta data, de hoje, em que se
completam 56 anos da inauguração do nosso inesquecível Colégio Agrícola de Rio Pomba quero prestar esta simples homenagem
ao Professor Oswaldinho que me
ensinou a jogar Xadrez.
E de tudo que
aprendi no CARP, o Xadrez foi um dos
mais importantes ensinamentos que recebi. Ajudou-me a raciocinar, a pensar. Continuo
praticando, amadoristicamente, até hoje este esporte, também considerado uma
arte e ciência. Aceito desafios.
Ildefonso
Dé Vieira
16/08/2018
quinta-feira, 12 de julho de 2018
terça-feira, 3 de abril de 2018
Professor Ary Resende
O Professor Ary Resende era um homem bom. Contava as suas mentiras, mas quem não conta.
Tinha uma dicção que deixava a desejar para um profissional que necessita da voz para transmitir os seus ensinamentos. Mesmo assim aprendi algumas coisas com ele. Não aprendi mais por ser um aluno relapso. Vagabundo mesmo. Estava tentando aprender a tocar violão e estou tentando até hoje. O Professor Domingos Roberti deixava o violão do colégio comigo. E eu andava com o violão pra tudo quanto é canto. Assistia as aulas, na última carteira, com o violão ao lado. E quando achava que a aula seria desinteressante, pegava a viola e ia matar aula num canto sossegado do colégio. Algumas vezes cruzei com o Professor Ary adentrando a sala e ia saindo, gazeteiro contumaz, para cabular mais uma aula.
E é claro que ele não gostava desta minha atitude irresponsável, mas nunca me dedurou na Secretaria ou à direção da Escola.
Apenas lamuriava, com a sua dicção puxando xis e esses, para os alunos presentes:
“Estes alunos que não assistem as aulas, só quero ver como eles irão se sair na hora da prova.”
Mas como era uma matéria “decoreba” era só pegar os cadernos dos colegas e memorizar alguns dos ensinamentos da deusa Ceres. Aí as notas davam pro gasto, para passar.
Mas o melhor do Professor Ary não eram os seus ensinamentos agrícolas e sim as suas histórias e estórias fábulas, fabulosas.
Uma delas, não esqueço até hoje.
É do tempo que ele trabalhava na ACAR e ía atender uma fazenda. Chovia torrencialmente. Estrada de terra, barrenta, um lodo. Praticamente intransitável.
E o Professor Ary com a cara mais limpa que Deus lhe dizia que dirigia, dirigia, e nada de chegar à propriedade rural. Chuva forte, visibilidade quase zero.
E quando ele menos espera deu pra vislumbrar que estava chegando de novo na cidade que deixara havia mais de uma hora.
E mostrando sério, para demonstrar veracidade a sua narrativa, dizia:
“A estrada estava tão ruim e o carro derrapando tanto que ele girou no meio da viagem e nem notei, retornando à cidade”.
Como disse no início o Professor Ary Resende era um homem bom, uma boa alma. Que DEUS o tenha,
sexta-feira, 23 de março de 2018
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