quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Colégio Agrícola de Rio Pomba: uma chama que não se apaga


Colégio Agrícola de Rio Pomba:
uma chama que não se apaga

Uma nova era econômica e social começou em Rio Pomba no ano de 1962, quando houve a inauguração da Escola Agrícola de Rio Pomba (EARP), que hoje abriga o Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste - campus Rio Pomba). A instalação da escola foi fruto do trabalho do então deputado federal Doutor Último de Carvalho, que encontrou amparo no dinamismo do presidente Juscelino Kubitschek para tirar o projeto do papel, visto que foi um político que realizou importantes obras no país em prol da sociedade. O processo de criação da instituição passou por muitas etapas, sendo sua fundação datada em 1956 e as primeiras aulas iniciadas em 1963. Em 1964, a escola mudou o nome para Ginásio Agrícola de Rio Pomba (GARP). Dois anos depois, em 1966, a primeira turma de Mestre Agrícola foi formada e, em 1968, o educandário recebeu autorização para funcionar como Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP). Depois deste período, foi iniciado o Curso de Técnico Agrícola, com sua primeira turma diplomada em 1971.
A escola recebia meninos de todos os cantos do país, mas predomina­vam os residentes na Zona da Mata. A maioria era de crianças humildes vindas da Zona Rural. Elas chegavam por volta dos 10 anos e saiam jovens, depois dos 18. A Escola Agrícola de Rio Pomba era um internato, onde tudo era gratuito. O aluno tinha direito à moradia, alimentação, atendimento médico e odontológico, além de ser­viços em enfermagem. Ele recebia vestuário completo que ia do unifor­me para o dia-a-dia até o uniforme de gala para ocasiões especiais, além do macacão para trabalho de campo, sapatos, botinas, coturnos e enxoval completo (roupa de cama, cobertor, lençois e toalhas).
O quadro de funcionários era for­mado por mestres agrícolas, ferreiros, dentistas, médicos, enfermeiros, bi­bliotecários, cozinheiros, auxiliar de nutrição, guardas, inspetores de alu­nos, serventes, eletricistas, mecânicos, carpinteiros, pedreiros, datilógrafos, motoristas, tratoristas, escriturários, assistentes sociais, cabeleireiro, entre outros, como a supersercretária Ma­ria Marotta, considerada por muitos como a “fada madrinha” protetora dos alunos. Ela administrava com eficiên­cia o funcionamento geral da escola.
Num tempo que não existia inter­net e o Google, as pesquisas eram feitas na biblioteca da escola. À noite tínhamos o “estudo dirigido” e os pro­fessores, sem receber remuneração adicional por isso, ficavam à disposi­ção dos alunos para dirimir e sanar as dúvidas sobre as matérias lecionadas. A escola tinha uma disciplina rígida, com horários para dormir, acordar, alimentar, estudar, praticar esportes e outros afazeres. Às quinta-feiras, em frente o Prédio Central, perfilavam­-se os alunos, em posição de sentido, e, após o hasteamento das bandeiras de Minas e do Brasil, todos cantavam o Hino Nacional. Esta rotina evidenciava que deveríamos respeitar os símbolos nacionais e cultivar o amor à nossa pá­tria. Nas comemorações da Indepen­dência do Brasil, os alunos desfilavam pelas ruas de Rio Pomba. O ponto alto da apresentação era na praça prin­cipal, que, atualmente, homenageia Doutor Último de Carvalho.
Os ensaios começavam em agosto e agitavam toda a escola. Todos que­riam participar da fanfarra tocando os instrumentos. Portar estandar­tes e bandeiras era um privilégio! Levavam-se para o desfile tratores e maquinários agrícolas. Até o inesque­cível diretor Dr. Carlos Martins Bas­tos marchava junto com os alunos. A Escola era chamada a desfilar em outras cidades da região, como Ubá, Tocantins e Piraúba. Estamos falando das décadas de 1960, 1970 e 1980. Se toda criança e adolescente de nosso país tivesse recebido um ensino de qualidade como o CARP proporcio­nou aos seus alunos, hoje o Brasil estaria entre as cinco ou seis maiores potências do mundo. A educação salva, a educação redime um povo. A educação forma uma nação. Todo brasileiro deveria ter, no mínimo, uma escola como o Colégio Agrícola de Rio Pomba para estudar.
E é por isso que os alunos saídos do CARP obtiveram sucesso nos diver­sos campos por onde caminharam. E mais do que preparar os alunos para desenvolver atividades e profissões diversas, a escola conseguiu formar, sobretudo, homens do bem, seres humanos, dotados de um coração re­pleto de gratidão pelos professores, mestres e funcionários.

Encontro anual de ex-alunos

Desde 2016, é realizado um encontro anual de ex-alunos, que acontece sempre no primeiro sá­bado de dezembro. É um momen­to de homenagens e reencontros. Além deste que ocorre em Rio Pomba, são realizados encontros intermediários em Guidoval, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Várzea da Palma. Muitos se deslocam de gran­des distâncias para partilharem o momento. Busco uma explicação e não encontro nenhuma que justifi­que a solidez desta irmandade, que, dispersada por mais de meio sécu­lo, continua mantendo vínculos de afetividade, respeito e admiração. O tempo não ruiu e nem arruinou uma amizade construída na juven­tude.
Acredito que as dificuldades do passado transformaram os meninos “Carpianos” em homens solidários e fraternos. E nessas reuniões têm colaborado com alguns amigos em dificuldades e APAE de Rio Pom­ba. As esposas também aderiram à ideia dos encontros e participam ativamente. Em 2019, nosso encon­tro reuniu mais de cem pessoas e, mais uma vez, Maria Marotta, com os seus quase 93 anos, compareceu para emoção e alegria de todos os presentes. Ela mantém o ca­risma, luz e cha­ma de 50 anos atrás. O “The Happy Boys” com os seus jo­vens anciões fez a trilha sonora do evento.
A Escola se transformou num efervescente campus universitário. São nove cursos de Nível Superior, cinco Pós-Graduação (Lato Sensu) e três Mestrados (Stricto Sensu). E ainda mantém cinco cursos Técnicos (Integrados), cinco cursos Técnicos (Concomitantes e Subsequentes) e dois cursos Técnicos (Subsequentes EAD). O nosso querido Ginásio e depois Colégio se transformou num templo do Saber.

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Este artigo será publicado, posteriormente, no Blog “Alunos do Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP)”, no link: