domingo, 6 de dezembro de 2020

Carrumba - Ionício Teodoro de Oliveira

"A IDENTIDADE SE CONSTRÓI ATRAVÉS DA MEMÓRIA"!

Gingantesco o ser Humano chamado Carrumba!

Ionício Teodoro de Oliveira, popularmente conhecido em Rio Pomba como Carrumba, apelido por se destacar dos demais colegas da sua faixa etária pelo porte físico avantajado. Como, naquela época, havia um comerciante na cidade com imenso corpo que tinha o sobrenome Carrumba, o próprio pai, Sr. Cândido, passou a chamar Ionício com tal apelido e o que era apenas um tratamento familiar foi disseminado entre os conhecidos e posteriormente com a “fama” como jogador de futebol na cidade, todos passaram a chamá-lo dessa forma.

Frequentou a escola fazendo o equivalente ao ensino fundamental dos dias atuais, posteriormente foi para as forças armadas onde serviu ao Exército Brasileiro. Filho dedicado, usufruía de muita estima de todos os parentes, vizinhos e da comunidade em geral.

Sem muita vocação para casamento, apesar divertir-se muito, gostava de esportes e também de promoções sociais que buscavam a interação e a harmonia entre as pessoas da comunidade.

Informalmente, fundou a Unidos do Rosário hoje G.R.E.S Unidos do Rosário, onde reunia várias pessoas amigas,  que com latas de leite, manteiga, tambor de tintas e ferramentas de pedreiro e carpinteiro, faziam uma formação nos períodos de carnaval, e saíam às ruas e imediações do bairro Rosário e do Campo do Pombense fazendo batucada animando e divertindo as pessoas.

Em certa época foi para São Paulo trabalhar com um dos irmãos mais velhos e, ao sair da rodoviária, sofreu um acidente no trânsito na capital paulista, o que de certa forma foi muito traumatizante para Ionício, não só pelo acidente, mas por toda situação que foi criada em ter que imediatamente retornar para casa, sepultando sonhos e uma tentativa de mudança de vida.

Mesmo após o acidente, Ionício continuou se destacando no futebol, foi goleiro do Pombense e também do América numa época de ouro do futebol da cidade. Com o tempo aposentou-se do futebol e seguiu com uma vida pacata na companhia e assistência dos irmãos, da família e porque não dizer de pessoas generosas que o conheceram como atleta e como uma personalidade de honra da cidade. Neste período também, o amado Carrumba conheceu a quem viria ser sua companheira definitiva, a Maria da Silva, com quem partilhou momentos diversos da vida.

O porte físico avantajado lhe renderam algumas estórias na cidade, o que o transformou em um ser folclórico. Algumas estórias atribuídas a ele são cômicas, outras dramáticas, algumas verdadeiras, outras nem tanto, até aí nada demais, o problema são algumas fantasiosas com tendências caricatas, versadas por pessoas que nunca o conheceram ou conviveram com ele, essas, às vezes, não costumam trazer um viés positivo quanto à figura humana valorosa que de fato foi o Ionício Carrumba.

 

Excelente filho, companheiro, tio, irmão e amigo, homem de muitas qualidades. Ionício Teodoro de Oliveira, o mito Carrumba, faleceu em 29/07/1996.  

 

PESQUISA: Assuéro de Paula Araújo

Edição de Texto: Elba Pinheiro

Foto: Família de Ionicio Teodoro de Oliveira

 

 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Colégio Agrícola de Rio Pomba: uma chama que não se apaga


Colégio Agrícola de Rio Pomba:
uma chama que não se apaga

Uma nova era econômica e social começou em Rio Pomba no ano de 1962, quando houve a inauguração da Escola Agrícola de Rio Pomba (EARP), que hoje abriga o Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste - campus Rio Pomba). A instalação da escola foi fruto do trabalho do então deputado federal Doutor Último de Carvalho, que encontrou amparo no dinamismo do presidente Juscelino Kubitschek para tirar o projeto do papel, visto que foi um político que realizou importantes obras no país em prol da sociedade. O processo de criação da instituição passou por muitas etapas, sendo sua fundação datada em 1956 e as primeiras aulas iniciadas em 1963. Em 1964, a escola mudou o nome para Ginásio Agrícola de Rio Pomba (GARP). Dois anos depois, em 1966, a primeira turma de Mestre Agrícola foi formada e, em 1968, o educandário recebeu autorização para funcionar como Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP). Depois deste período, foi iniciado o Curso de Técnico Agrícola, com sua primeira turma diplomada em 1971.
A escola recebia meninos de todos os cantos do país, mas predomina­vam os residentes na Zona da Mata. A maioria era de crianças humildes vindas da Zona Rural. Elas chegavam por volta dos 10 anos e saiam jovens, depois dos 18. A Escola Agrícola de Rio Pomba era um internato, onde tudo era gratuito. O aluno tinha direito à moradia, alimentação, atendimento médico e odontológico, além de ser­viços em enfermagem. Ele recebia vestuário completo que ia do unifor­me para o dia-a-dia até o uniforme de gala para ocasiões especiais, além do macacão para trabalho de campo, sapatos, botinas, coturnos e enxoval completo (roupa de cama, cobertor, lençois e toalhas).
O quadro de funcionários era for­mado por mestres agrícolas, ferreiros, dentistas, médicos, enfermeiros, bi­bliotecários, cozinheiros, auxiliar de nutrição, guardas, inspetores de alu­nos, serventes, eletricistas, mecânicos, carpinteiros, pedreiros, datilógrafos, motoristas, tratoristas, escriturários, assistentes sociais, cabeleireiro, entre outros, como a supersercretária Ma­ria Marotta, considerada por muitos como a “fada madrinha” protetora dos alunos. Ela administrava com eficiên­cia o funcionamento geral da escola.
Num tempo que não existia inter­net e o Google, as pesquisas eram feitas na biblioteca da escola. À noite tínhamos o “estudo dirigido” e os pro­fessores, sem receber remuneração adicional por isso, ficavam à disposi­ção dos alunos para dirimir e sanar as dúvidas sobre as matérias lecionadas. A escola tinha uma disciplina rígida, com horários para dormir, acordar, alimentar, estudar, praticar esportes e outros afazeres. Às quinta-feiras, em frente o Prédio Central, perfilavam­-se os alunos, em posição de sentido, e, após o hasteamento das bandeiras de Minas e do Brasil, todos cantavam o Hino Nacional. Esta rotina evidenciava que deveríamos respeitar os símbolos nacionais e cultivar o amor à nossa pá­tria. Nas comemorações da Indepen­dência do Brasil, os alunos desfilavam pelas ruas de Rio Pomba. O ponto alto da apresentação era na praça prin­cipal, que, atualmente, homenageia Doutor Último de Carvalho.
Os ensaios começavam em agosto e agitavam toda a escola. Todos que­riam participar da fanfarra tocando os instrumentos. Portar estandar­tes e bandeiras era um privilégio! Levavam-se para o desfile tratores e maquinários agrícolas. Até o inesque­cível diretor Dr. Carlos Martins Bas­tos marchava junto com os alunos. A Escola era chamada a desfilar em outras cidades da região, como Ubá, Tocantins e Piraúba. Estamos falando das décadas de 1960, 1970 e 1980. Se toda criança e adolescente de nosso país tivesse recebido um ensino de qualidade como o CARP proporcio­nou aos seus alunos, hoje o Brasil estaria entre as cinco ou seis maiores potências do mundo. A educação salva, a educação redime um povo. A educação forma uma nação. Todo brasileiro deveria ter, no mínimo, uma escola como o Colégio Agrícola de Rio Pomba para estudar.
E é por isso que os alunos saídos do CARP obtiveram sucesso nos diver­sos campos por onde caminharam. E mais do que preparar os alunos para desenvolver atividades e profissões diversas, a escola conseguiu formar, sobretudo, homens do bem, seres humanos, dotados de um coração re­pleto de gratidão pelos professores, mestres e funcionários.

Encontro anual de ex-alunos

Desde 2016, é realizado um encontro anual de ex-alunos, que acontece sempre no primeiro sá­bado de dezembro. É um momen­to de homenagens e reencontros. Além deste que ocorre em Rio Pomba, são realizados encontros intermediários em Guidoval, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Várzea da Palma. Muitos se deslocam de gran­des distâncias para partilharem o momento. Busco uma explicação e não encontro nenhuma que justifi­que a solidez desta irmandade, que, dispersada por mais de meio sécu­lo, continua mantendo vínculos de afetividade, respeito e admiração. O tempo não ruiu e nem arruinou uma amizade construída na juven­tude.
Acredito que as dificuldades do passado transformaram os meninos “Carpianos” em homens solidários e fraternos. E nessas reuniões têm colaborado com alguns amigos em dificuldades e APAE de Rio Pom­ba. As esposas também aderiram à ideia dos encontros e participam ativamente. Em 2019, nosso encon­tro reuniu mais de cem pessoas e, mais uma vez, Maria Marotta, com os seus quase 93 anos, compareceu para emoção e alegria de todos os presentes. Ela mantém o ca­risma, luz e cha­ma de 50 anos atrás. O “The Happy Boys” com os seus jo­vens anciões fez a trilha sonora do evento.
A Escola se transformou num efervescente campus universitário. São nove cursos de Nível Superior, cinco Pós-Graduação (Lato Sensu) e três Mestrados (Stricto Sensu). E ainda mantém cinco cursos Técnicos (Integrados), cinco cursos Técnicos (Concomitantes e Subsequentes) e dois cursos Técnicos (Subsequentes EAD). O nosso querido Ginásio e depois Colégio se transformou num templo do Saber.

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Este artigo será publicado, posteriormente, no Blog “Alunos do Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP)”, no link: