Colégio
Agrícola de Rio Pomba:
uma
chama que não se apaga
Uma nova era
econômica e social começou em Rio Pomba no ano de 1962, quando houve a
inauguração da Escola Agrícola de Rio Pomba (EARP), que hoje abriga o Instituto
Federal Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste - campus Rio Pomba). A instalação
da escola foi fruto do trabalho do então deputado federal Doutor Último de
Carvalho, que encontrou amparo no dinamismo do presidente Juscelino Kubitschek
para tirar o projeto do papel, visto que foi um político que realizou
importantes obras no país em prol da sociedade. O processo de criação da
instituição passou por muitas etapas, sendo sua fundação datada em 1956 e as
primeiras aulas iniciadas em 1963. Em 1964, a escola mudou o nome para Ginásio
Agrícola de Rio Pomba (GARP). Dois anos depois, em 1966, a primeira turma de
Mestre Agrícola foi formada e, em 1968, o educandário recebeu autorização para
funcionar como Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP). Depois deste período, foi
iniciado o Curso de Técnico Agrícola, com sua primeira turma diplomada em 1971.
A escola
recebia meninos de todos os cantos do país, mas predominavam os residentes na
Zona da Mata. A maioria era de crianças humildes vindas da Zona Rural. Elas
chegavam por volta dos 10 anos e saiam jovens, depois dos 18. A Escola Agrícola
de Rio Pomba era um internato, onde tudo era gratuito. O aluno tinha direito à
moradia, alimentação, atendimento médico e odontológico, além de serviços em
enfermagem. Ele recebia vestuário completo que ia do uniforme para o dia-a-dia
até o uniforme de gala para ocasiões especiais, além do macacão para trabalho
de campo, sapatos, botinas, coturnos e enxoval completo (roupa de cama,
cobertor, lençois e toalhas).
O quadro de
funcionários era formado por mestres agrícolas, ferreiros, dentistas, médicos,
enfermeiros, bibliotecários, cozinheiros, auxiliar de nutrição, guardas,
inspetores de alunos, serventes, eletricistas, mecânicos, carpinteiros,
pedreiros, datilógrafos, motoristas, tratoristas, escriturários, assistentes sociais,
cabeleireiro, entre outros, como a supersercretária Maria Marotta, considerada
por muitos como a “fada madrinha” protetora dos alunos. Ela administrava com
eficiência o funcionamento geral da escola.
Num tempo que
não existia internet e o Google, as pesquisas eram feitas na biblioteca da
escola. À noite tínhamos o “estudo dirigido” e os professores, sem receber
remuneração adicional por isso, ficavam à disposição dos alunos para dirimir e
sanar as dúvidas sobre as matérias lecionadas. A escola tinha uma disciplina
rígida, com horários para dormir, acordar, alimentar, estudar, praticar
esportes e outros afazeres. Às quinta-feiras, em frente o Prédio Central,
perfilavam-se os alunos, em posição de sentido, e, após o hasteamento das
bandeiras de Minas e do Brasil, todos cantavam o Hino Nacional. Esta rotina
evidenciava que deveríamos respeitar os símbolos nacionais e cultivar o amor à
nossa pátria. Nas comemorações da Independência do Brasil, os alunos
desfilavam pelas ruas de Rio Pomba. O ponto alto da apresentação era na praça
principal, que, atualmente, homenageia Doutor Último de Carvalho.
Os ensaios
começavam em agosto e agitavam toda a escola. Todos queriam participar da
fanfarra tocando os instrumentos. Portar estandartes e bandeiras era um
privilégio! Levavam-se para o desfile tratores e maquinários agrícolas. Até o
inesquecível diretor Dr. Carlos Martins Bastos marchava junto com os alunos.
A Escola era chamada a desfilar em outras cidades da região, como Ubá,
Tocantins e Piraúba. Estamos falando das décadas de 1960, 1970 e 1980. Se toda
criança e adolescente de nosso país tivesse recebido um ensino de qualidade
como o CARP proporcionou aos seus alunos, hoje o Brasil estaria entre as cinco
ou seis maiores potências do mundo. A educação salva, a educação redime um
povo. A educação forma uma nação. Todo brasileiro deveria ter, no mínimo, uma
escola como o Colégio Agrícola de Rio Pomba para estudar.
E é por isso
que os alunos saídos do CARP obtiveram sucesso nos diversos campos por onde
caminharam. E mais do que preparar os alunos para desenvolver atividades e
profissões diversas, a escola conseguiu formar, sobretudo, homens do bem, seres
humanos, dotados de um coração repleto de gratidão pelos professores, mestres
e funcionários.
Encontro anual de ex-alunos
Desde 2016, é
realizado um encontro anual de ex-alunos, que acontece sempre no primeiro sábado
de dezembro. É um momento de homenagens e reencontros. Além deste que ocorre
em Rio Pomba, são realizados encontros intermediários em Guidoval, Juiz de Fora,
Belo Horizonte e Várzea da Palma. Muitos se deslocam de grandes distâncias
para partilharem o momento. Busco uma explicação e não encontro nenhuma que
justifique a solidez desta irmandade, que, dispersada por mais de meio século,
continua mantendo vínculos de afetividade, respeito e admiração. O tempo não
ruiu e nem arruinou uma amizade construída na juventude.
Acredito que
as dificuldades do passado transformaram os meninos “Carpianos” em homens
solidários e fraternos. E nessas reuniões têm colaborado com alguns amigos em
dificuldades e APAE de Rio Pomba. As esposas também aderiram à ideia dos
encontros e participam ativamente. Em 2019, nosso encontro reuniu mais de cem
pessoas e, mais uma vez, Maria Marotta, com os seus quase 93 anos, compareceu
para emoção e alegria de todos os presentes. Ela mantém o carisma, luz e chama
de 50 anos atrás. O “The Happy Boys” com os seus jovens anciões fez a trilha
sonora do evento.
A Escola se
transformou num efervescente campus universitário. São nove cursos de Nível
Superior, cinco Pós-Graduação (Lato Sensu) e três Mestrados (Stricto Sensu). E
ainda mantém cinco cursos Técnicos (Integrados), cinco cursos Técnicos
(Concomitantes e Subsequentes) e dois cursos Técnicos (Subsequentes EAD). O nosso
querido Ginásio e depois Colégio se transformou num templo do Saber.
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Este
artigo será publicado, posteriormente, no Blog “Alunos do Colégio Agrícola de Rio Pomba (CARP)”, no link:
Estou com remorso por ter perdido tanto tempo em procurar notícias da EARP. Peço mil desculpas a todos os ex-alunos.
ResponderExcluirSou da turma de 64, primeira formatura do ginásio agrícola.Sou o Geraldo Diogo de Vasconcelos Pereira,de Pirapora-MG.
Como na EARP, só tinha o ginásio agrícola, fui transferido para o colégio Afrícola de Pinheiral, no estado do Rio.
Gostaria de encontrar os velhos formandos desta amada escola.
Por favor mandem seus contatos
Obrigado
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ExcluirAbraços,
Ildefonso Vieira