Um dia de pintinho de granja
Vamos nos encontrar depois de mais de quarenta anos! Fico
imaginando a emoção que um encontro desse vai gerar em nós! Quando vemos nossas
fotos daquele tempo e comparamos com nossas imagens no espelho, só nos
reconhecemos pela voz dizendo: não pode ser o mesmo! Mas nos consolamos ao
acreditar que nossas mães tinham razão quando diziam que seus filhos eram
bonitos.
Nesse momento, também vamos ver que os quarenta e tantos anos
passados foram cruéis para todos nós. Em contra partida, tivemos nossos
patrimônios crescidos e multiplicados em números e letras: quem era tamanho P,
agora veste GG; as cinturas que não passavam de 90 cm, agora beiram a fita
toda.
Acredito que vai ficar difícil encontrar aqueles rostinhos
jovens e corpos atléticos no meio de tantas rugas, excessos e cabelos brancos
se é que ainda os tem. Mas agora, somos pais, e muitos já somos avós; e
naqueles rostos, estamos renascendo.
Vamos então combinar uma coisa: deixar em casa nossos problemas,
escritórios, cargos, empresas, fazendas, poderes, tudo! Vamos viver um dia de
pintinho de granja! Vamos viajar no tempo, ver e sermos vistos como crianças
soltas num parque; nos lambuzar de boas lembranças, sujar de tanto matar a
saudade, nos ralar de tantos abraços, cansar de tanto correr atrás no tempo,
afinal a voz não
muda!
Não
podemos perder esse trem que vai nos levar num tempo mágico e maravilhoso!
Tempo que não volta mais. Encontramos nessa estação!
Francisco Bomtempo.
Batatão.
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