sábado, 19 de novembro de 2016

Professor Wandir Crivellari



Professor Wandir Crivellari

            Tive o privilégio de ter grandes Mestres na Escola/Colégio Agrícola de Rio Pomba. O Dr. Wandir Crivellari foi um deles. Advogado, possuía uma personalidade recatada, circunspecto, burocrático, cumpridor de suas obrigações.
            No primeiro ano ginasial, em 1965, lecionou Geografia. E discursou sobre mapas, clima, topografia, relevo, solos, vegetações, rios, florestas, pontos cardeais. Uma pena que como aluno relapso, não guardei a maioria das informações que me foram passadas. Fazem falta até hoje.
            Mas, para mim, a grande revelação do Professor Wandir foi como professor de Português. Tive aulas, primeiro, com o Padre Geraldo; depois com o grande gramático e linguista Ubirajara Pinto de Deus.
            E eles nos encheram de Análise Sintática e Morfológica, orações coordenadas sindéticas e assindéticas, adjetivos, advérbios, pronomes e conjunções, figuras de sintaxe, elipse, pleonasmo, anacoluto, adjunto adverbial e adnominal. Um babel de informações que fecharam curto-circuito no meu pobre cérebro. Não guardou quase nada. Estas citações são fruto de consultas aos meus alfarrábios e a preciosa ajuda da internet, do Google.
            Ficou é verdade, de Olavo Bilac:
"Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:"
Muito pouco.
            Daí é que volto à importância do Professor Wandir Crivellari. Por não ser um Mestre especialista na Língua Pátria, apesar de vasto conhecimento adquirido em lições de Latim no Seminário e na Faculdade de Direito, ele optou por transformar os seus 50 minutos de aula em sala de leitura.
            Assim, trazia da sua biblioteca particular a sua coleção do "Clube do Livro" e distribuía um exemplar a cada aluno. E o que ele queria em troca?
            Que lêssemos o livro, anotasse as palavras desconhecidas. Depois procurasse no dicionário e escrevesse no caderno o significado delas. Exigia ainda que fizéssemos um resumo do que fora lido no dia.
            E eu tive a felicidade de receber, como primeiro o livro "Mar Morto" de Jorge Amado, obra que  retrata do Cais da Bahia, o marinheiro Guma e o seu amor por Lívia, Rufino  e sua esposa Esmeralda. E assim fui apresentado ao autor de "Capitães de Areia", "Dona Flor e seus dois maridos", "Terras do Sem-fim",  "Gabriela, Cravo e Canela" e tantas obras que contam a história da Bahia e do Brasil.
            Resumindo: Com o Professor Wandir aprendi a gostar de ler. E a melhor maneira de aprender o nosso idioma é lendo. Tenho tentado aprender.

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