Professor
Wandir Crivellari
Tive o
privilégio de ter grandes Mestres na Escola/Colégio
Agrícola de Rio Pomba. O Dr. Wandir Crivellari foi um deles. Advogado,
possuía uma personalidade recatada, circunspecto, burocrático, cumpridor de
suas obrigações.
No primeiro ano
ginasial, em 1965, lecionou Geografia. E discursou sobre mapas, clima, topografia,
relevo, solos, vegetações, rios, florestas, pontos cardeais. Uma pena que como
aluno relapso, não guardei a maioria das informações que me foram passadas.
Fazem falta até hoje.
Mas, para mim, a
grande revelação do Professor Wandir foi como professor de Português. Tive
aulas, primeiro, com o Padre Geraldo; depois com o grande gramático e linguista
Ubirajara Pinto de Deus.
E eles nos
encheram de Análise Sintática e Morfológica, orações coordenadas sindéticas e
assindéticas, adjetivos, advérbios, pronomes e conjunções, figuras de sintaxe,
elipse, pleonasmo, anacoluto, adjunto adverbial e adnominal. Um babel de informações
que fecharam curto-circuito no meu pobre cérebro. Não guardou quase nada. Estas
citações são fruto de consultas aos meus alfarrábios e a preciosa ajuda da
internet, do Google.
Ficou é verdade,
de Olavo Bilac:
"Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:"
És, a um tempo, esplendor e sepultura:"
Muito pouco.
Daí é que volto
à importância do Professor Wandir Crivellari. Por não ser um Mestre especialista
na Língua Pátria, apesar de vasto conhecimento adquirido em lições de Latim no Seminário
e na Faculdade de Direito, ele optou por transformar os seus 50 minutos de aula
em sala de leitura.
Assim, trazia
da sua biblioteca particular a sua coleção do "Clube do Livro" e distribuía um exemplar a cada aluno. E o que
ele queria em troca?
Que lêssemos o
livro, anotasse as palavras desconhecidas. Depois procurasse no dicionário e
escrevesse no caderno o significado delas. Exigia ainda que fizéssemos um resumo
do que fora lido no dia.
E eu tive a
felicidade de receber, como primeiro o livro "Mar Morto" de Jorge Amado, obra que retrata do Cais da Bahia, o marinheiro Guma e o
seu amor por Lívia, Rufino e sua esposa
Esmeralda. E assim fui apresentado ao autor de "Capitães de Areia",
"Dona Flor e seus dois maridos", "Terras do Sem-fim", "Gabriela, Cravo e Canela" e tantas
obras que contam a história da Bahia e do Brasil.
Resumindo: Com
o Professor Wandir aprendi a gostar de ler. E a melhor maneira de aprender o
nosso idioma é lendo. Tenho tentado aprender.
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