quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Semana Santa - Ônibus da UNIDA



Semana Santa - Ônibus da UNIDA

            Depois do primeiro choro, primeiro trote, primeiro zero, restava esperar a primeira visita à casa dos pais. Seria na Semana Santa. E foi demorada.
            Da minha chegada à Escola até a quarta-feira da Semana Santa seriam 39 dias de saudades. Devido as intensas chuvas daquele ano, a Empresa UNIDA não estava fazendo o trajeto Ubá - Juiz de Fora. O asfalto ainda não estava, totalmente, pronto. As estradas estavam intransitáveis. Só Jeep e Rural Willis conseguiam trafegar, mas  com muitas dificuldades.
            A estrada Rio Pomba/Tocantins cortava a Escola. E por ela passavam charretes, carroças, cavalos e bicicletas, menos o ônibus da UNIDA. Até a negra Catarina desfilava o seu charme sob intenso aplausos de mais de 200 jovens cheios de testosterona. Era a nossa miss.
            Só quando faltavam uns 10 dias para Semana Santa foi que cruzou frente à Escola o  ônibus da UNIDA. Era o horário após o almoço, antes das aulas da tarde. A maioria dos alunos ficavam debaixo do bambual, falando de futebol, cochilando, fofocando. Mas quando apareceu o veículo da UNIDA, os alunos levantaram-se e aplaudiram entusiasmados, entre gritos de hip-hip-hurra, a passagem do veículo que seria o nosso meio de transporte para retornar às nossas origens.
            Na época não pensei no sufoco dos amigos que residiam longe de Rio Pomba e nem poderiam ir visitar os seus pais, mesmo em feriados como a Semana Santa.
            Era o caso de Márcio Edvandro e o irmão Wilton Celso Rocha Machado de Cordisburo. O Rominho (Rômulo Vieira da Costa) morava em Bangu no Rio de Janeiro.  Tinham alunos de Pirapora, São Romão e até do Mato Grosso.
            As saídas para visitar os pais exigia-se que tivesse média nas provas. Quem não conseguisse pelo menos 5 nas provas mensais ficavam sem poder ir em casa do Dia das Mães, dos Pais ou feriados prolongados.
            Era uma forma que a Direção da Escola encontrava de obrigar os alunos a estudarem.

O prêmio, a punição, a recompensa. Funciona com os animais, funciona com gente.

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