Semana
Santa - Ônibus da UNIDA
Depois do primeiro choro, primeiro
trote, primeiro zero, restava esperar a primeira visita à casa dos pais. Seria
na Semana Santa. E foi demorada.
Da minha chegada à Escola até a
quarta-feira da Semana Santa seriam 39 dias de saudades. Devido as intensas
chuvas daquele ano, a Empresa UNIDA não
estava fazendo o trajeto Ubá - Juiz de Fora. O asfalto ainda não estava,
totalmente, pronto. As estradas estavam intransitáveis. Só Jeep e Rural Willis
conseguiam trafegar, mas com muitas dificuldades.
A estrada Rio Pomba/Tocantins cortava
a Escola. E por ela passavam charretes, carroças, cavalos e bicicletas, menos o
ônibus da UNIDA. Até a negra Catarina desfilava o seu charme sob intenso aplausos
de mais de 200 jovens cheios de testosterona. Era a nossa miss.
Só quando faltavam uns 10 dias para
Semana Santa foi que cruzou frente à Escola o
ônibus da UNIDA. Era o horário após o almoço, antes das aulas da tarde.
A maioria dos alunos ficavam debaixo do bambual, falando de futebol, cochilando,
fofocando. Mas quando apareceu o veículo da UNIDA, os alunos levantaram-se e aplaudiram
entusiasmados, entre gritos de hip-hip-hurra, a passagem do veículo que seria o
nosso meio de transporte para retornar às nossas origens.
Na época não pensei no sufoco dos amigos
que residiam longe de Rio Pomba e nem poderiam ir visitar os seus pais, mesmo
em feriados como a Semana Santa.
Era o caso de Márcio Edvandro e o
irmão Wilton Celso Rocha Machado de Cordisburo. O Rominho (Rômulo Vieira da
Costa) morava em Bangu no Rio de Janeiro. Tinham alunos de Pirapora, São Romão e até do Mato
Grosso.
As saídas para visitar os pais
exigia-se que tivesse média nas provas. Quem não conseguisse pelo menos 5 nas
provas mensais ficavam sem poder ir em casa do Dia das Mães, dos Pais ou
feriados prolongados.
Era uma forma que a Direção da
Escola encontrava de obrigar os alunos a estudarem.
O prêmio, a punição, a recompensa. Funciona
com os animais, funciona com gente.
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