TROTE
- EARP
O ano letivo começou no dia 8 de
março de 1965, a primeira segunda-feira após o carnaval. E nem bem
iniciaram-se as aulas os veteranos ficaram
doidinhos para sacanear os novatos. Queriam porque queriam raspar as cabeças
dos calouros.
Acontece que a direção da Escola não
permitia trote. O jeito foi inventar uma partida de futebol entre os veteranos
e os calouros. Quem perdesse, raspava a cabeça. Ficariam carecas os perdedores.
O jogo aconteceu no primeiro sábado, dia 13 de março.
Os veteranos já se conheciam e
sabiam quem era bom de bola e perna-de-pau. E fizeram a sua seleção. No gol
colocaram o Fernando Dias Ramos, de Guarani. De centro-avante o artilheiro Cezar
de Assis Alvim, da cidade de Chiador, um exímio cabeceador. Para garantir a
defesa tinha o Márcio Luiz Martins Calado, de Juiz Fora, o rei das pernadas e
rasteiras e João Batista Duarte Álvares Vieira (Pinta-roxa) de Piraúba. De
Astolfo Dutra jogaram o meio-campista
Luiz Flávio Dutra Costa e Luiz Loures
Filho.
Time que se preza tem que ter
garrucheiros. E escalaram de Tocantins o
José Leão de Freitas e Lindomar Santiago dos Santos, atuando pela
ponta-direita. Na ponta-esquerda jogou o Wander Fajardo de Castro.
Creio que também jogaram o Edson
Marcos Amaral, Tarcísio Bomtempo Martins, Wilton Celso Rocha Machado
(Cordisburgo), mas não tenho certeza. O Lincoln Lima Campos de Patrocínio de
Muriaé fazia o segundo ano ginasial, era veterano e bom de bola, acredito que
participou da peleja.
Para a sorte dos calouros ficaram à
beira do campo só zoando os jogadores, (hoje seria bullying?), os cariocas
Rominho (Rômulo Vieira da Costa) e o Pelezinho (José Roberto Carvalho Campos),
além do craque maior: o Caburito (José de Alencar Carvalho) de Tocantins.
O time dos veteranos era composto
por garotos de 13 a 15 anos, portanto, em média, uns dois ou três anos mais
velhos do que os novatos. E ainda tinham um universo de uns 150 alunos para
selecionar os seus atletas. Os calouros que nunca tinham jogado juntos, mal se
conheciam, tinha apenas uns 30 meninos assustados com uma nova vida que se
iniciava.
UM JOGO DESIGUAL. E para complicar a
situação não se sabia quem jogava bola ou só garganteava. Foi na base do
improviso e do gogó que se formou a equipe. E no gogó o Paulo Alexandre
Bernardes Silva, de Juiz de Fora, afirmou que jogava no Tupi. Argumento suficiente para entrar jogando, pois o clube de
Juiz de Fora era profissional e impunha respeito as agremiações das nossas
redondezas.
Mas foi só a bola rolar e com poucos
minutos de jogo descobriu-se que o Paulo Alexandre nada sabia de bola, tinha
outras virtudes que mais tarde ficaríamos sabendo, mas no esporte bretão era
uma negação. O jeito foi substituí-lo, mas ganhou para o resto da vida EARPIANA
o vistoso apelido de Tupi.
E como não poderia deixar de ser os
veteranos aplicaram uma sonora goleada nos calouros. Uns dizem que foi 7 x 2,
outros afirmam que o escore alcançou 9 x 2. O fato é que os calouros perderam e
tiveram as cabeças raspadas. Dentre os novatos , sobressaíram o Marcelo
Teixeira Rodrigues que marcou os dois gols, o Zé Luiz de Mercês que já
demonstrava a sua enorme categoria e o Márcio Evandro de Cordisburgo,
impondo-se no meio-campo. Tenho dúvidas se o Waldir Bonato (Caburitinho) jogou
nesta partida.
Muitos alunos chegaram alguns dias
depois, quando se formaram duas turmas do primeiro ano ginasial. Parece ser os
casos de Luiz Américo Ferreira, Luiz Antônio Gauderetto (Bolão), Mário Mól, Luiz
Antônio Barbosa Brandão (Zé do Gora), Luiz Carlos Carvalho Campos (Zoca), José
Geraldo Guimarães (Piracicaba). O Mauro Mauro César Vieira (Muzambinho) também chegou
depois.
Pode ser que muito do que narrei contenha
imprecisões, invencionices, exageros e falhas, lapsos de memória, mas também
depois de 51 anos vocês queriam o quê?
Relembrando alguns clubes da região que temiam
o TUPI:
Aymorés
e Bandeirantes de Ubá; Itararé de Tocantins, Espartano de Rodeiro; Pombense e
América de Rio Pomba; União de Piraúba; Guarani e Tibério de Guarani; Portuense
de Astolfo Dutra; Nacional e Mário Bouchardet de Visconde do Rio Branco;
Operário e Flamenguinho de Cataguases; Primeiro de Maio de Miraí; Ribeiro
Junqueira de Leopoldina, Nacional de Muriaé, Ideal de Recreio.
Todos estes times, de alguma forma, foram fregueses
do Cruzeiro (preto-e-branco) de Guidoval.
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