terça-feira, 15 de novembro de 2016

TAMPINHA (José Fernandes da Silveira de Inhapim)



TAMPINHA (José Fernandes da Silveira de Inhapim)

            Tenho várias histórias em comum com saudoso amigo José Fernandes da Silveira, o Tampinha de Inhapim. Estudamos, na mesma sala de aula,  de 1965 a 1971. Vou relembrar de três casos.
            Uma noite, no dormitório, o Tampinha estava com uma insuportável dor de dente num dos molares. Devido o adiantado da hora não tinha como ser atendido pelo Dr. Mauro Marques de Oliveira. O recurso que o Tampinha utilizou foi pegar o seu canivete  de picar fumo de rolo, cavoucar o dente e colocar um comprimido de Melhoral no cratera aberta. E foi dormir. Parece que funcionou.
            Em outra ocasião, o Tampinha queria atrapalhar a nossa pelada no Campo da Mina. Adentrou o gramado e disse que ia jogar. Não iria esperar para entrar no time de fora. O nosso querido Daniel de Paula Pereira, o Didi, amante do esporte bretão, não aceitou a decisão do Tampinha de perturbar o nosso "racha" e usando da sua força, mas sem violência, abraçou o Tampinha como se fosse um tronco de bananeira e o arrastou para fora das quatro linhas. Acontece que o Tampinha estava de posse de um pequeno alfinete e foi cutucando o Didi em todo o trajeto, que custou a perceber que estava sendo estocado pelo pequeno objeto pontiagudo.
            Tinha dias que a comida da Escola estava insuportável, difícil de engolir. Num desses dias, eu fiquei sem almoçar, imaginando que tiraria a forra na janta. Infelizmente a janta conseguiu ser pior que a comida do almoço. Passei o dia em jejum.
            À noite, antes de dormir, com a barriga roncando de fome resolvi ir até a venda do LAU, à beira da estrada, quase chegando à Escola.
            Amigos são para os momentos de fartura e necessidade. O Tampinha era um desses amigos e me fez companhia indo até a venda do LAU. Lá chegando não encontramos nada decente para comer. Nem mesmo um tira-gosto ou um pão velho. Só tinha pinga. E, como se sabe, pinga não mata fome de ninguém.
            No bar, que na verdade na passava de um botequim, estava um funcionário da Escola. Trabalhava no estábulo ou na pocilga. Com a bondade do mineiro do interior disse "matei um capado  e tem chouriço e angu lá em casa. Se quiserem são meus convidados".
            Eu não tinha costume de comer chouriço. Na verdade não gostava nem um pouco desta iguaria preparada com sangue de porco. Mas a fome falou mais alto e fomos nós, Tampinha e eu, comer o chouriço com angu.
            Foi uma das melhorias refeições que fiz em minha vida. Nunca mais esqueci da generosidade desse funcionário do EARP/CARP.

            O Antônio Vitorino Rocha (Cavadeira) postou no Grupo do WhatsApp um foto de uma casa parecida com o local. E disse que era do funcionário Paulo Chaves que é pai do Técnico Vander.

            Outro dia publiquei no meu twitter e torno a reproduzir:

"Amigos não morrem. Escondem-se num canto de nossa alma e lá ficam à espera de serem celebrados e entronizados em nossa memória para sempre."

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